segunda-feira, 26 de março de 2012

Linguásana


Linguásana

6:15 da manhã...a gatinha já está por perto querendo que eu pule da cama. Tenho ainda 45 minutos preciosos para desfrutar e peço-lhe para voltar a dormir. Ela acata, relutante. Tudo escuro ainda! Viro para o lado e me acomodo.

Ouço, então, o motor de um caminhão ser desligado bem na frente do prédio. Dele descem alguns homens que aguardam um horário mais decente para adentrar a obra. E põem-se a conversar. Incessantemente, irritantemente. Ocupam todos os vazios relaxantes. Afugentam os passarinhos.

Procuro certa neutralidade, acolher o “presente” sem opor resistência. Desafiador  exercício para quem acaba de acordar! Observo como se expressam, o tom de suas vozes. Penso em como é evidente a necessidade de ocupar espaço através da fala, ser “visto”, autoafirmar-se.

Lembro da conversa gostosa sobre o silêncio com um amigo, dias atrás. Como tememos o vazio silente. O que tememos encontrar nele? Que perigo fantasiamos? Falamos, fazemos algo ou dormimos...muitos de nós. Nenhum espaço de silêncio é permitido. Nenhum espaço para escutar(-nos) na quietude. A maioria, como dizia um mestre de Yoga: pratica intensamente o linguásana!

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