segunda-feira, 18 de junho de 2012

Arabian Eyes



Final de tarde, algo cansada estava. Aguardava sem muita vontade o último candidato para entrevistar. Nada da criatura comparecer ou ligar. Ao contrário dos iluminados, pensava na próxima tarefa... Meus olhos baixos apreciando rascunhos de uma poesia improvável. De repente, ele veio em minha direção. Intenso, sombrio, barba de sábio, olhando-me como se quisesse falar. Recebendo o bote, a respiração suspensa, fiquei incrédula com sua audácia invulgar. Quase esbarrando, sem desviar o olhar, passou vigoroso, apenas a tempo de eu perceber que levava na mão uma malha de jovial listrado. Inesperado contraste para aqueles olhos de outra época e lugar, muito distantes dali. A energia daqueles segundos foi possuindo minha essência, embaralhando os pensamentos. Acompanhei seu caminhar, sem vergonha. Tão vital e magnético, neste lugar de zumbis. Quem é você?

Um comentário:

  1. Parece um script de um filme romãntico, voce descreve o ambiente em todos os detalhes, o rostos e os sinais fisícos da pessoa, é impressionante, seríamos capazes de nos transportar para o ambiente no exato momento em que isso aconteceu, chega a incomodar, agita a nossa cabeça, impõe um desejo imenso, ficamos cumplices com esse relato, muito bom, muito íntimo... Parabéns, voce sabe mexer com o nosso desejo.

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